segunda-feira, fevereiro 20, 2006

A Arte da Prudência Parte 1...


Vista de Ouro Preto, no quintal da República Maracangalha...

O Texto é grande mas vale a pena ler, pois são relatos verídicos!

“A incrível e fascinante história da abdução da minha cueca- 24/10/00”

Era sábado, dia 21. Fui para Mariana, devido as comemorações do 81º aniversário da minha avó. A única diferença em relação aos outros anos é que desta vez me acompanhava um amigo, que por motivos de discrição, chamaremos de Kim. A ida dele, na verdade, além de inesperada foi decidida num diálogo mais ou menos assim:

Eu (após ligar para ele) - Kim, já terminou de ler a Divina Comédia? É que eu tô precisando dele.

Kim - Não véi, ainda não terminei , mas eu te entrego e depois pego de novo.

Eu - Dá pra me entregar hoje?

Kim - Devo chegar em casa hoje lá pelas tantas.

Eu - Então pode deixar. Semana que vem pego com você.

Kim - Ué, cê não quer o livro hoje?

Eu - É que daqui a pouco vou viajar?

Kim - PRA ONDE CÊ VAI?????

Eu - Pra Mariana.

Kim - ROLA UMA CARONA????

Eu - Se o carro for vazio, rola. Vou dar uma olhada aqui e depois te ligo.

Kim - OK.

Depois da desistência do meu irmão, sobrou uma vaga no carro, que foi alegremente ocupada pelo nosso amigo. Pouco antes de irmos, ele havia me dito que ia rolar uma festa em Ouro Preto, numa daquelas famosas repúblicas. Um amigo nosso, que por motivos de discrição chamaremos de Fábio (vulgo Chumbo, ou ainda Rabiscado) recentemente havia se mudado pra lá, e seria nosso passaporte. Eu não sabia se a festa seria na república aonde o Fábio morava ou se seria em outra. Confesso que nem estava muito animado.
Chegamos em Mariana por volta de 4 da tarde, e depois das visitas, reencontros e apresentações de praxe, eu e o Kim fomos andar à toa na cidade. Ao chegarmos na praça, avistamos minha tia e minha prima, que estavam molhando a garganta em um buteco. Unimo-nos a elas, e algumas horas, cervejas, coxinhas congeladas e balas roubadas depois resolvemos voltar para casa da minha vó. Depois descemos novamente pra outro boteco\mercearia já tarimbado, a procura de uma sinuca, que para nossa infelicidade já não estava lá. Ficamos no boteco, tomamos mais cerveja (mal sabia eu o que me aguardava), quebramos alguns copos e logo estávamos na casa da minha avó novamente.
Não tinha água na cidade, e depois de alguma politicagem, conseguimos um providencial banho no hotel aonde o tio Zé Maria é gerente, que, coincidências a parte, chama-se Providência (Sacaram o trocadilho? Providencial, Providência......).
De banho tomado, fomos para Ouro Preto. Já deviam ser 11 horas quando chegamos lá, e uma garoa bem fina já dava as caras. Ainda tivemos que esperar pelo Fábio na praça, e foi aí que presenciamos um insólito episódio, aonde um senhor dizia para os amigos que conhecia a família do Rabiscado (nome pelo qual o Fábio é conhecido lá), e que o pai do Rabiscado era gente boa e mais não sei o quê. Muita coincidência.
Depois de trocentas ligações, combinamos nos encontrar num lugar próximo à tal república. Descemos e pouco tempo depois, o Fábio chegou acompanhado de sua trupe. O pessoal era (ou melhor, é visto que, até onde eu saiba, nenhum deles faleceu. Ou melhor, era mesmo, devido a sacanagem que fizeram comigo) gente boa. Entramos no lugar e, antes de chegar ao quintal da casa, aonde o povo estava reunido, já havia um copo de cerveja na minha mão.
A festa estava boa. Pouca gente e muita cerveja (50 engradados, conforme disseram depois) e outras coisas. Muitas músicas e copos de cerveja depois, percebi que o pessoal começava a se retirar. Ao mesmo tempo, minha visão começava a ficar turva e as palavras, quando não me faltavam, saiam de meus lábios com muita dificuldade. E o mais engraçado é que eu ficava mais empolgado a cada minuto que se passava. Passou mais um tempo, e daí pra frente minhas lembranças são uma colcha de retalhos. Lembro-me de ir ao banheiro, provavelmente para passar um “fax”. Lembro-me de que alguém bateu na porta várias vezes gritando meu nome e que saí de meu estado semi-letárgico, levantando-me da privada. Acho que disse pra ele esperar um pouco, e quando abri a porta, estava - pasmem - escovando os dentes (?!?!?!?!). A escova era minha mesmo, e estava no meu bolso por acaso. Mas nem imagino porque estaria escovando os dentes. O Kim disse que quando abri a porta, um fedor sulfuroso, provindo do nono círculo infernal, tomou conta da casa. Disso não me lembro, embora digam que o olfato de uma pessoa bêbada é seriamente prejudicado. Depois desci as escadas que davam para a rua. Me lembro que vi uma menina caída no chão. Visão esta que me confortou, de maneira subconsciente, na hora e de maneira consciente agora, já que eu não era o único pau-d’água no sarau. Em seguida, sentei-me na calçada e como meu organismo não é de ferro, dei aquela memorável regurgitada. Feito isso, subimos uma rua correndo (?) enquanto o chão, misteriosamente, aproximava-se e afastava-se num estranho movimento, que eu, até aquela data desconhecia. Depois disso, minha memória é uma folha em branco. A única coisa que me lembro, e mesmo assim, muito vagamente, foi da nossa chegada a república aonde o Fábio mora, que por razões de discrição, chamaremos de Peripatus. Lembro da porta e do sofá, aonde capotei. O resto são especulações.
Mais tarde, o Kim disse que após sairmos da república aonde aconteceu a festa, que por razões de discrição, chamaremos de Feitiço, fomos até a praça Tiradentes. Depois tentamos entrar no CAEM. Não deixaram (será porquê?). Da Feitiço até o CAEM existe uma subida considerável. O Kim também disse que fomos até a Peripatus de táxi. Dada a distância do centro até lá, o que só pude comprovar no outro dia, sou obrigado a acreditar.
Acordei por volta de 10:30 da manhã, assustado e confuso. Assustado por que havia prometido a minha avó que estaria em sua missa de aniversário, que seria celebrada as 9 horas, em Mariana. Confuso por que não sabia como fui parar naquele lugar. O pior de tudo foram os olhares. Dormi na sala, que dá de frente para a copa (ou algo assim). Quando abri os olhos, estava virado para a parede, e quando me virei, dei de cara com vários rostos, alguns conhecidos, a maioria não, me observando, num misto de curiosidade e apreensão, como se mal pudessem esperar pela minha reação. Encarei aquelas figuras por alguns segundos, e depois de perceber o contexto, fiquei preocupado. Eu estava sem sapatos e meia, sem blusa de frio, e meu relógio estava fora do meu pulso. Até onde me lembro, todos eles estavam no meu corpo quando cheguei. Passado o choque inicial, comecei a fazer a avaliação de danos. Passei as mãos no rosto a procura de tinta, manteiga ou algo do gênero, e acabei encontrando, catchup, só que na minha nuca. Fiquei mais alguns minutos deitado, mas percebi que não adiantaria muita coisa. Levantei-me. Averiguei meus sapatos e minhas meias, a procura de mais alguma eventual sacanagem. Feliz da vida, não encontrei nada. Levantei-me e fui em direção aos meus atentos espectadores. Um deles, que eu havia conhecido na noite passada (e do qual não me lembro o nome), me cumprimentou entusiasticamente. Aquilo quebrou o gelo, e depois de avistar um quadro de aviso com a singela inscrição “5:00 - Comer o cu do Massula”, perguntei aonde ficava o banheiro. Desci, louco para tirar uma água do joelho. Abri o zíper, e atendi prontamente o chamado da Mãe Natureza. Foi quando tive uma sensação estranha. Faltava alguma coisa entre minha pele e minha calça jeans. ROUBARAM MINHA CUECA! FILHOS DA PUTA!
Agora percebo porque alguns deles foram ao banheiro (que é bem grande, e dá pra ser utilizado por mais de uma pessoa) justo na hora em que fui urinar. Tentei ficar calmo. Tranquei-me dentro de um box, e a primeira reação, evidentemente, foi averiguar a retaguarda. Nenhuma sensação estranha, nenhuma substância esquisita (ou familiar). Fiquei um POUCO mais tranqüilo. Mas ainda sim, restava um pouco de raiva e vergonha. Respirei fundo. Saí do banheiro, e com a maior cara de pau do mundo, perguntei aonde o Rabiscado estava dormindo, tentando, a todo custo, fingir que não acontecera nada. A porta do quarto estava trancada e não me restou outra coisa a não ser ir para a sala e assistir televisão. Sentei-me no sofá e enquanto meus olhos estavam colados na tela, meu cérebro trabalhava, verificando todas as possibilidades. Como minha cueca desapareceu? Será que eu tirei ela? E se não, o que esse putos fizeram comigo?
Até pensei em ir embora, mas resolvi esperar um pouco. Enquanto divagava, ouvi, ou tive a impressão de ouvir alguém chamando o Fábio. Desci novamente e encontrei a porta do quarto aberta dessa vez. Ele estava semi-desperto, e claro, a primeira coisa que perguntei era se ele tinha conhecimento do paradeiro da minha roupa de baixo. Ele, depois de rir um bocado, disse que ignorava o fato. Foi aí que percebi que o Kim não estava lá. Ele dormiu num outro quarto. Fomos pra lá, e contei a história novamente. Outra vez, ouvi uma negativa (precedida de mais alguns risos). Esperei o Kim acordar completamente, e chamei-o para irmos embora. Depois que ele acabou de levantar, sentamos lá fora. Foi aí que tive a primeira indicação do que aconteceu naquele período, aonde o teor alcoólico da minha corrente sanguínea quase chegou a estratosfera. Um dos habitantes da Peripatus disse que, logo de manhã, levantei, fui até o canto da sala, e sem cerimônia, tirei a “manjuba” pra fora. Disse que tentei urinar na sala e depois na cozinha. Disse também que fui pegar algo na geladeira e derrubei um monte de coisas. Sinceramente, se isso é verdade não sei. Mas o que tem a ver com o desaparecimento da minha cueca?
Antes de irmos, passamos na república aonde mora a namorada do Fábio, que era ali pertinho. Conversamos um pouco, enquanto o sol rachava nossas cabeças. E eu pensando no esporro que tomaria porque não fui a missa da minha avó.
Perguntei ao Kim e ao Fábio várias vezes se sabiam o que havia rolado, mas os viadinhos negaram até a morte qualquer conhecimento do quase-estupro (afinal de contas, quando alguém tira suas roupas de baixo sem seu consentimento, isso caracteriza uma violência sexual não é verdade?) ocorrido naquela fatídica madrugada de sábado.
Fomos para Mariana, e o Kim, que aparentemente escapara ileso da bebedeira, teve a bondade de vomitar quase um litro de Coca-cola pela janela do ônibus na hora que estávamos chegando.
Chegamos na casa da minha avó, ninguém perguntou o porquê do nosso atraso, e as coisas ficaram por isso mesmo. O Kim veio pra Contagem no domingo com meus pais, enquanto eu vim na segunda. Fiquei dando uma mão pro meu tio numa planta que ele estava fazendo no Cad.
Estou terminando este texto hoje, dia 28/10/00, ou seja, uma semana após o incidente. Ainda não faço a mínima idéia do que ocorreu. Embora esteja bastante inclinado a acreditar que foram os corninhos da Peripatus que deram um sumiço na minha Zorba, ainda tenho minhas dúvidas. Foram eles realmente ? Será que fui eu? Perdi ela no meio do caminho? Foi um Leprechaum travesso? Creio que tão cedo não saberei a resposta.

É meus amigos. A verdade está lá fora.”

“PS.1: Foi bem depois que fiquei sabendo da invasão da dispensa da Feitiço, perpetrada por Kim e outro aprendiz de meliante, do qual não me lembro o nome. Entre os espólios do saque encontravam-se: algumas garrafas de água mineral (vazias), algo em torno de oito litros de cerveja (será que tomei dessa também?), devidamente acondicionados nas garrafas (sacaram agora?), um pacote de biscoitos e um abridor de garrafas - muito feio, por sinal - que estava amarrado no freezer.”

“PS.2: Soube-se também da apropriação indébita (eufemismo para roubo) de vinte e poucos pãezinhos de uma república, que, por motivos de discrição, chamaremos de Covil. Ressalto que os referidos pães foram degustados de bom grado pelos que ali se encontravam. A título de informação, quem pegou os pães também foi o Kim.”

PS.3: 12/10/02 – Após algumas investigações, diga-se de passagem, de dar inveja aos agentes Mulder e Sculy, cheguei a conclusão óbvia que qualquer criança de 5 anos poderia chegar: Apesar de na ocasião em que ocorreram todos os fatos descritos acima, eu estar completamente abduzido pelos bolinhozoides (lembram-se? É meus caros eles ainda estão por ai fazendo das suas!), só posso dizer que o Massula também foi abduzido pelos ET’zinhos que estavam presentes na cerveja que ingerimos na Feitiço (Olha só o nome da república, hein? Sugestivo...), só que ele, de forma mais cavalar e após dar aquele barrão na república supracitada, foi obrigado a passar a sua roupa de baixo para os seres do outro mundo, e estes utilizaram a mesma para algum ritual satânico do seu planeta!!! O fato de cu de bêbado não ter dono dessa vez não prevaleceu... pelo menos eu acho. Será que os bolinhozoides fizeram uma colônia no fiofó do Massula?...Caralho!!! Que maldito plano de invasão do nosso planeta, hein? Puta que pariu, estamos fudidos!!

Adendo ao PS1: O outro meliante era o “Costinha”, da Peripatus.

O Texto acima é do Massula Jr. (exceto PS.3), e eu estou tendo a cara-de-pau de transcrevê-lo para o meu blog!

2 comentários:

Anônimo disse...

SERÁ QUE ALGUEM, ALEM DE MIM LEU ESSE TEXTO?

hell disse...

... sim ...

... e eu estou mijando de rir ...

... e o kim é um ladrão descarado ... hauhauheuahuehauheuahuehauehauheauheuahuehauheuaheuahuehauheuah